Segundo dados da Iberinform, as insolvências registaram um acréscimo de 6% face ao mesmo período de 2023, destacando-se variações significativas em setores e regiões específicas. Para além disso, o número de novas empresas criadas tem diminuído, evidenciando uma retração na dinâmica empresarial.
O ano de 2024 tem sido marcado por uma tendência preocupante para o tecido empresarial português: o aumento das insolvências. Este fenómeno reflete as dificuldades económicas que muitas empresas enfrentam, fruto de um contexto económico desafiante.
De acordo com a Iberinform, o número de insolvências em Portugal aumentou 6% até outubro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. No entanto, o mês de outubro registou uma ligeira melhoria, com uma diminuição de 3,5% em relação a outubro de 2023, o que pode indicar uma possível estabilização no final do ano.
No total, as declarações de insolvência apresentadas pelas próprias empresas aumentaram 29%, somando 729 pedidos. Por sua vez, as insolvências requeridas por terceiros cresceram 24%, totalizando 650 casos. Também os processos de encerramento com plano de insolvência subiram 33%, registando 44 processos no acumulado do ano.
Regiões mais afetadas
Os distritos de Porto e Lisboa continuam a liderar o número de insolvências em Portugal. Juntos, representam grande parte dos casos de insolvência no país:
- Porto: 779 casos de insolvência (+16% face a 2023)
- Lisboa: 727 casos de insolvência (+5% face a 2023)
Outros distritos também registaram aumentos no número de insolvências, o que reflete um impacto alargado a nível regional. Esta situação é especialmente preocupante em regiões onde as pequenas e médias empresas (PMEs) têm maior peso económico.
Setores mais afetados
O impacto das insolvências não é homogéneo em todos os setores de atividade. Alguns setores foram particularmente afetados, destacando-se os seguintes:
- Eletricidade, Gás e Água: Aumento de 120% no número de insolvências.
- Indústria Transformadora: Registou um aumento de 21% face a 2023.
- Hotelaria e Restauração: O setor teve um crescimento de 7% nas insolvências.
- Transportes: Registou um aumento de 5% no número de casos de insolvência.
Por outro lado, alguns setores conseguiram resistir melhor à crise:
- Indústria Extrativa: Redução de 13% no número de insolvências.
- Comércio a Retalho: Redução de 4% no número de insolvências.
- Outros Serviços: Redução de 1% no número de insolvências.
Estes números mostram uma evolução assimétrica entre os setores, onde as indústrias transformadoras e de serviços essenciais, como eletricidade e água, enfrentam um aumento expressivo de casos de insolvência.
Redução na criação de novas empresas
Outro dado relevante é a diminuição na criação de novas empresas em 2024. Em outubro, foram constituídas 3.052 novas empresas, o que representa uma redução de 28% face a outubro de 2023.
No total acumulado de 2024, foram criadas 42.170 novas empresas, menos 3,4% em relação ao mesmo período de 2023. Os distritos de Lisboa (13.257 novas empresas) e Porto (7.189 novas empresas) lideram o número de constituições, mas também registaram decréscimos em relação ao ano anterior.
Este abrandamento na constituição de novas empresas reflete uma certa incerteza no mercado e pode ser consequência direta da instabilidade financeira e do aumento do risco de insolvência.
Implicações para as empresas
O aumento das insolvências e a diminuição na criação de novas empresas refletem um contexto económico desafiante. Para as empresas em operação, este cenário exige uma abordagem de maior prudência na gestão financeira e a implementação de estratégias eficazes de mitigação de risco. Algumas medidas que as empresas podem adotar incluem:
- Reforçar a gestão do risco de crédito: Para evitar incumprimentos por parte dos clientes, a implementação de seguros de crédito pode proteger as receitas da empresa.
- Diversificar a carteira de clientes: Reduzir a dependência de um pequeno número de clientes ajuda a proteger o negócio contra incumprimentos de grandes clientes.
- Monitorizar o risco financeiro de fornecedores e parceiros: Garantir que os parceiros de negócio se encontram financeiramente estáveis.