Segundo um estudo da Iberinform, 15% dos grossistas apresentam um risco elevado de incumprimento. A situação é ainda mais preocupante quando se observa que 29% das empresas foram constituídas nos últimos cinco anos, período em que muitas delas ainda estão em fase de consolidação financeira.
A concentração geográfica das empresas de grossistas de materiais de construção e equipamento sanitário revela a importância estratégica de algumas regiões do país. Lisboa e Porto concentram a maior parte das empresas deste setor, seguidos por Braga, Aveiro e Leiria. Esta concentração tem implicações diretas no volume de negócios e na competitividade regional.
- Porto: representa 20% do volume total de negócios do setor.
- Lisboa e Braga: ambas as regiões concentram 15% do volume de negócios.
Esta distribuição regional evidencia a importância estratégica do Porto, que se posiciona como o principal polo de negócios no setor. Este domínio pode ser atribuído à forte presença de empresas de materiais de construção que servem tanto o mercado nacional como o de exportação.
Dinamismo Empresarial e Risco de Incumprimento
O setor de grossistas de materiais de construção é um dos mais dinâmicos da economia portuguesa, com uma grande rotatividade de novas empresas. De acordo com o estudo, 29% das empresas do setor foram criadas nos últimos cinco anos, o que demonstra uma forte entrada de novos concorrentes no mercado. No entanto, esta situação também revela um fator de risco. Empresas jovens tendem a ter maior vulnerabilidade financeira, o que se reflete no aumento do risco de incumprimento.
Principais indicadores de risco:
- 15% das empresas enfrentam risco elevado de incumprimento.
- Redução de 4% no volume de negócios do setor no último ano.
Esta situação representa um risco para a saúde financeira do setor, uma vez que as empresas mais jovens, muitas vezes, não possuem capacidade de resposta suficiente para enfrentar choques externos. O aumento dos custos das matérias-primas, as quebras nas cadeias de abastecimento e a volatilidade do mercado da construção têm pressionado as finanças das empresas mais pequenas e recentes.
Estrutura Empresarial no Setor
A estrutura empresarial no setor de grossistas de materiais de construção é caracterizada por uma predominância de micro e pequenas empresas, que representam 97% do total de empresas. No entanto, são as médias e grandes empresas que concentram a maior parte do volume de negócios.
Distribuição das empresas por dimensão:
- Microempresas: 69% do total de empresas.
- Pequenas empresas: 28% do total de empresas.
- Médias e grandes empresas: apenas 3% do total de empresas, mas geram 40% do volume de negócios.
As empresas de menor dimensão estão mais expostas a riscos financeiros, especialmente em momentos de crise ou de pressão inflacionária. Estas empresas não têm a mesma capacidade de negociar prazos de pagamento com fornecedores e, frequentemente, enfrentam prazos de pagamento mais curtos por parte dos seus próprios clientes. Este fator contribui para o aumento do risco de incumprimento, especialmente em períodos de maior instabilidade económica.
Fatores de Risco e Impacto no Mercado
1. Aumento dos custos das matérias-primas
Os preços de materiais de construção, como ferro, cimento e madeira, têm sofrido aumentos significativos devido a tensões nas cadeias de abastecimento globais. Estes aumentos de custo afetam diretamente a capacidade das empresas de manter a margem de lucro e cumprir os seus compromissos financeiros.
2. Redução na procura de imóveis
O abrandamento do setor imobiliário em Portugal, particularmente no mercado de habitação, tem um impacto direto no volume de vendas de materiais de construção. A redução de novos projetos imobiliários, especialmente em áreas residenciais, tem levado a uma diminuição nas encomendas a fornecedores e grossistas.
3. Dependência de clientes chave
Muitas empresas do setor dependem de contratos com grandes construtoras ou cadeias de distribuição de materiais de construção. Quando estas empresas atrasam os seus pagamentos ou enfrentam dificuldades financeiras, o impacto é sentido diretamente nos grossistas, que veem as suas faturas por pagar aumentarem.
Medidas para Mitigar o Risco de Incumprimento
Dado o elevado risco de incumprimento neste setor, as empresas podem adotar medidas para se protegerem contra choques financeiros. Algumas das principais estratégias incluem:
- Implementação de Seguros de Crédito: proteger as receitas da empresa contra o incumprimento de clientes é uma das estratégias mais eficazes.
- Revisão dos prazos de pagamento: negociar melhores condições com fornecedores e clientes para garantir uma gestão de liquidez mais eficiente.
- Análise de risco de crédito dos clientes: antes de conceder crédito a novos clientes, é essencial analisar a sua capacidade financeira e o histórico de pagamentos.
Estas medidas ajudam as empresas a mitigar o impacto dos choques financeiros e a melhorar a resiliência financeira do setor.