Mais de metade das transações comerciais na Austrália estão a ser pagas com atraso. Segundo o mais recente Barómetro das Práticas de Pagamento da Crédito y Caución, 52% das operações B2B foram pagas fora do prazo, quatro pontos percentuais acima do observado no ano anterior.
Além disso, o número de transações não pagas subiu para 11%, um aumento preocupante face aos 7% registados anteriormente. Estes indicadores evidenciam o agravamento das condições de pagamento no país, afetando diretamente a liquidez das empresas.
Liquidez e Ambiente Empresarial em Pressão
Os principais fatores que explicam os atrasos são:
- Problemas de liquidez dos clientes (41%)
- Atrasos administrativos nos processos de pagamento (39%)
As empresas enfrentam um contexto económico incerto, com perspetivas de risco de pagamento cada vez mais elevadas. A instabilidade global e as políticas comerciais do novo governo dos EUA são apontadas como elementos que dificultam o planeamento comercial das empresas australianas.
Apesar das dificuldades, muitos negócios estão a flexibilizar as suas políticas de crédito, oferecendo mais facilidades de pagamento aos clientes como forma de manter receitas e competitividade.
Financiamento e Situação por Setor
Em termos de financiamento, os empréstimos bancários (65%) e o crédito comercial (60%) continuam a ser as principais fontes de liquidez.
Setores em destaque:
- Agroalimentar: enfrenta sérias restrições de liquidez devido à expansão dos prazos de pagamento. Recorre a financiamento de faturas e endividamento, ficando vulnerável à subida das taxas de juro.
- Construção: impactado por atrasos de pagamento, exigência de pagamentos mais rápidos pelos fornecedores, aumento de stocks e forte dependência de crédito bancário.
- Siderurgia: destaca-se por manter políticas de crédito mais estáveis e uma gestão de risco equilibrada, embora também recorra ao adiamento de pagamentos e factoring como soluções temporárias.
A tendência de agravamento da morosidade, combinada com o aumento dos custos financeiros, justifica o reforço das estratégias de proteção do risco de crédito, nomeadamente através do seguro de crédito.
Leia também:


